quinta-feira, 25 de outubro de 2007

/mixando tempos

e depois de ter ido e voltado, como definiria a vida? como nomearia todos os substantivos que dão sentido à existência e sobrevivência do qeu se chamar viver?

domínio não poderia ser uma forma de fugir também? de tentar entender, julgar-se sábia, senhora? dominar quem, mesmo? a vida? estar susceptível não parece ser o melhor ataque? vulnerabilidade. no espelho em que você reflete, como aparece sua face? de onde vêm os ventos que te deixam respirar?

eu? penso em como ser um pontinho melhor... num gosto de espelho, de vidro, de corte, de mágoa. do pesar que sobrevoa o clima daquela realidade de mentirinha que a gnt costuma inventar para subverter a lógica que diz que pertecemos a qualquer lugar.

Na verdade, minhas realidades e lugares se conjugam irregularmente em olhos como os meus, que adoram ver o indescritível. É como ligar para uma voz conhecida e ficar com medo do som proferido.

Desconhecer o favorito. Pecado, crime, por favor, obrigado. as luzes permanecem acessas, na vontade de ser sol nossas almas dormem quer queira em cárceres ou não o que, no dia, se lembrará da noite o quanto de uz conhece a escuridão o que de ontem pde haver no hoje o quanto de sim está contido num não

?

somos dois e muitos
mas não caminhamos de mãos dadas
destinos falidos cruzam
nossos adjuntos que,
conscientes das essências contraditárias,
tornam opostos imposição

domingo, 14 de outubro de 2007







"DESFANTASIA"

Déborah Guaraná
(2003)










Uma música triste de fundo consagra o fim de uma era. Quem engravidará do futuro? Como podem algumas horas definirem um ano... uma vida, talvez? Os minutos já passaram apressados como efeito dos entorpecentes - eles seguram-me de pé. A bagunça também já é normal: no quarto, lá fora e aqui. Ela já se instalou apoderando-se dos cômodos.


Confesso que é difícil andar sem pisar em mim. Humanamente impossível seguir trazendo comigo toda essa mala de lembranças. Meu mundo ruma para um segundo conflito generalizado, mal tendo se recuperado do primeiro. Onde está a paz pela qual tanto derramei este sangue? Duas opções restam: livrar-se de mim reinventando tudo num mundo distante, ou prosseguir com o peso do ontem. Como libertar-se da concepção de futuro tão incômoda-mente incorporada àvisaão de um presente palpável, pálido... pago. Como?!


Insisto no nada. Caio, porque os efeitos vão embora - só estavam no agora. Continuo sendo (de volta) essa criatura inconsciente da verdade. Vida é ordem agora. Vida apenas. Sem mistificações.
(2003)

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

EXT. CARRO. MANHÃ

ANINHA
É, tipo, pode ser que eu pense assim porque, nunca, ninguém muito próximo meu morreu, mas podia
ser que eu tivesse a mesma visão também né?

MEL
É impossível você imaginar que termina ali, naquela terra e num cimento


CULA
É a visão que ela tem, né Mel? Pelo amor de deus...
Muito confortante, inclusive, Aninha!

ANINHA
Ai, Cula, desculpa
Eu nem devia falar essas
coisas, eu sei que tu detesta,
mas, assim, é que é impossível.

CULA
Ai, aninha, eu entendo. Mas
é que eu realmente não gosto,
sei lá velho. Num me
faz bem?


EXT. CARRO. MANHÃ.

ANINHA
Entende não, tu não entende
ninguém, muito menos
você próprio, e menos ainda seu pai.

MEL
Quarenta, herculano, quarenta

CULA (20) freia de vez.

CULA
Porra, será que pegou?

MEL
Menino, pára não. Tem gente atrás


EXT. ESTRADA. MANHÃ

POLICIAL
Habilitação e documento do carro, por favor

Cula entrega os documentos ao policial.

POLICIAL
Do seu pai, o carro?

CULA
Era

POLICIAL
Num é mais não é, rapazinho?

MEL
Algum problema, moço?

POLICIAL
Não, não, nenhum!
Imagine se eu ia arrumar
problema pra uma sinhôrita
bonita assim!

Tão ino pra onde?

CULA
Vai ficá aqui im Maraguji, mermo.

POLICIAL
Ta certo


EXT. PRAIA. MANHÃ

Mulher se deita na areia. HOMEM VELHO (40) aparece e desaparece. Ela suspira, se levanta e caminha em direção ao mar.


INT. CASA. NOITE

Cula caminha pela casa. Senta na escada com um espelho e faz a barba com uma pinça.


INT. QUARTO. NOITE

Com barba, Cula entra. MEL (20) está sentada na cama, chorando baixo. Cula entra, senta-se ao seu lado e acende um cigarro.

CULA
O cinzeiro ta aí, Mel?


EXT. PRAIA. MANHÃ

Mel corre na praia.


INT. QUARTO. NOITE.

Mel enxuga uma lágrima enquanto procura o cinzeiro na cama. Entrega o cinzeiro pra Cula. Ele bate a cinza, se levanta e sai.

MEL (sussuro)
Idiota

Mel encosta-se na parede e acende um cigarro. Joga as cinzas no chão. Cula entra, sem barba, e se senta ao lado dela. Mel suspira e encara-o.


EXT. PRAIA. AMANHECEDO.

MULHER (20) tira da bolsa alguns papéis. Mulher queima os papéis e suspira.


INT. VARANDA. AMANHECENDO.

CULA
Eu já expliquei que não tem nada a ver com isso.

MEL
Mas, Culinha, vai IMPLICAR em algo parecido.

Cula, olhe pra mim pelo menos!


EXT. PRAIA. AMANHECENDO

Mulher corre pela praia com maquiagem borrada. Vai desacelerando o passo até cansar e cair no chão. Ela chora.

MEL (V.O.)
Mas IMPLICA em algo parecido
IMPLICA em algo parecido
IMPLICA em al...

MEL (V.O)
Cula, olhe pra mim pelo menos!


INT. VARANDA. AMANHECENDO.

Cula olha para Mel.

MEL
Meu único problema, Culinha, é
saber que sempre que eu for
falar, você vai fugir pela tangente.
Eu não agüento guardar...

Mel começa a chorar.

MEL
É tão difícil, é tão ruim


CULA
Num é não, Mel. Cresça.
Deixe de ser criança, lide com isso.

Cula se levanta.

CULA
Ta que pariu ...
Eu não agüento,
entende?
Eu re-al-mente não agüento

Cula acende um cigarro

MEL
Eu não to
pedindo isso.

CULA
Pois a gente
vai fazer
um acordo agora,
certo?

MEL
Não


EXT. PRAIA. MANHÃ

Mulher se deita na areia. HOMEM VELHO (40) aparece e desaparece. Ela suspira, se levanta e caminha em direção ao mar.

MEL (V.O.)
Não


EXT. PRAIA. MANHÃ

A caminho do mar, a Mulher encontra Mel correndo. Elas se olham. Mulher observa Mel de dentro do mar.

MEL (V.O.)
Não


INT. COZINHA. MANHÃ

Cula abre a geladeira. Olha para sala e vê Mel saindo.

CULA
EEEEEEEEEEEEEEEEIIII


INT. SALA. MANHÃ

Mel pára.


INT. COZINHA. MANHÃ

CULA
Vai onde?


INT. SALA. MANHÃ

MEL (irônica)
Fechar um contrato com o mar.


EXT. PRAIA. MANHÃ

Mel corre, molhando os pés na água. Vê uma Mulher lhe observando. Desacelera o passo e se senta. Mel deita na areia.

MEL (sussuro)
Fechar um contrato com o mar.

Fechar um contrato com o mar.

Fechar um contrato com o mar.

MEL
FECAR UM CONTRATO COM A PORRA DO MAR, CARALHO!!

Homem velho aparece e desaparece, em pé ao seu lado. Mulher está em pé, ao seu lado.

MULHER
Também tem papel pra queimar?

Mel se assusta e se senta. Mulher se senta junto dela.


INT. COZINHA. MANHÃ

Cula põe o avental e separa panelas.


EXT. PRAIA. MANHÃ

MEL
Nomear sentimentos?

MULHER
Exatamente. Quando extrapola o
que é objetivo, a palavra perde
o significado pra se esvair no
entendimento pessoal de cada um.


INT. COZINHA. MANHÃ

Cula tira panelas do fogo e prepara uma bandeja de café-da-manhã.

ANINHA
Jáááá??

CULA
Bom dia, Aninha!

ANINHA
Cadê tua irmã?

CULA (irônico)
Foi assinar um contrato aí, cum mar


EXT. PRAIA. MANHÃ

MULHER
O ar é grávido de possibilidades,
de cheiros, de presenças.

MEL
Só que eu não sei pertencer de
verdade a tudo isso. É como se
eu tivesse de fora, só observando.
E eu não entendo, não assimilo. Na
minha cabeça não se passa essa...
essa gestação, sei lá

MULHER
Claro! Não se supõe que alguém
teja preparado para nada. Mas a
dor vai fugir do seu corpo, vai
ficar leve, mel, mais leve que o ar.

MEL
E qual o peso da caneta?


EXT. PRAIA. MANHÃ

Cula segura uma bandeja na praia e vê Mel falando sozinha.


Quantas crianças têm de morrer nas favelas e morros cariocas pra um burguês enrolar um baseado? Quanto dessa realidade se aplica ao resto do brasil? Será que foi por causa de um filme da globo que a maioria dos meus amigos pararam de fumar? Entre as respostas: estudando pra mestrado, to querendo provar que não sou viciado, pra provar chá é preciso estar limpo, etc. Quem financia realmente o tráfico brasileiro? Quem faz funcionar o "sistema"? Quem são os responsáveis? Em quem a globo quer pôr a culpa?

Wagner Moura ainda se droga? Tantas perguntas fervilham depois das quase duas horas do filmes e suas várias brechas inexplicadas. Será preciso vê-lo nas telonas e gerar mais dinheiro para essa megaempresa que monopoliza a comunicação no Brasil para encontrar respostas? Dez minutos a mais não mudarão o enredo trágico em que estamos inseridos, onde cada um faz nada e todos confiam no jornal, sem esperar por nada de novo, sem querer fazer com que qualquer coisa se transforme.

Eu quero mesmo é saber quem pode o quê? Se o sistema pode funcionar, quem sou eu ou você para deixar de nos drogar? Tem alguém aí que enxerga direito ou é tudo simples ruído de comunicação? Legalizar é a saída ou tem alguma outra solução?

Mais um minuto de silêncio pelo homem que foi morto a tiros na favela, perto do bueirão. Santa Luzia, Coque, Coelhos, Borel e todas as outras áreas que precisam mostrar quem está no poder. Que dizer do interior de onde nem se pode saber. Notícia, boato, mentira: nenhuma distinção. Só se sobe na vida, botando uma doze na mão?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Opa, é preciso esclarecer

"Deborah, você exagerou... A profundidade de campo da película ainda é muito superior à do vídeo digital. E, Yuri, acho bem difícil acreditar que em dez anos ou em qualquer tempo um computador será capaz de processar todas as informações da película, uma vez que a película trabalha com um espectro infinito de cores e de pontos. O caso, na minha opinião, é que o vídeo tem se tornado tão bom (a Red One, por exemplo) que torna difícil PERCEBER essa diferença. Eu, em todo caso, só tenho grana pro vídeo, portanto dou os dois tapinhas nas costas na turma da película!"


Esse foi o comentário de Victor, mas não sei se a respota a seguir entrou no site:


Bem, não exagerei não! Vcs provavelmente não entraram no site RED.COM

A RED trabalha com uma configuração duas vezes melhor que a pelîcula, a começar pela quantidade de informação que ela grava. A película tem uma resolução que convenientemente chamamos de 2K. Isso significa que a película grava em 2024x1080 linhas numa janela nativa 16:9. Diz-se que o olho humano nem consegue enxergar toda essa resolução, pois, ao passar de duas mil linhas, não é possível perceber. Essa qualidade é boa, porque, para quem fotografa, quanto maior a resolução, melhor a latitude de gravação. Essa qualidade da película, era, até o começo do ano, insuperável, e em vista disso, ainda se valia a pena filmar em película. Entretanto, hoje em dia, com o lançamento das câmeras da empresa RED (www.red.com), o formato de gravação e as convenções cinematográficas terão de mudar. A RED filma com 4K. São 4520 X 2540 pixels de resolução! Isso aumenta e melhora a latitude, tornando o vídeo superior à película. Uma das coisas que também se falava muito em relação à película era a velocidade de gravação.

Além disso, enquanto a película fazia 24 fotogramas por segundo, as câmeras digitais semi-profissionais (e até mesmo alguns modelos digitais) gravavam de modo entrelaçado, ou seja, toda a resolução que tinham era de, no máximo, 1080 linhas entrelaçadas em 29,97 frames por segundo (não eram fotogramas). Chama-se 1080i, os formatos de gravação das conhecidas HDV. Hoje esse modo de gravação já estava superado pela Panasonic, que lançou uma camera HDV que gravava em 24 progressivo (e não entrelaçado, como nas outras digitais). Com a RED também não é diferente, podendo filmar em 24, 30, 60 e outros.

A empresa define a camera como Ultra High Definition. Onde editar? No Final Cut Pro 2, que já oferece suporte para edição em 4K. Claro que isso tudo vai aumentar um pouco o orçamento de qualquer produção digital, mas ainda assim, nunca chegará aos pés do preço da película. Incentivo ainda todos a entraram no site da RED ONE (www.red.com) e darem uma olhada no preço das cameras. Não chega a 18mil dólares.

Barato? Pois é... E ainda tem quem diga que vídeo não é cinema. Ou seria o contrário? Uma vez fiz uma matéria, no Cine-Pe, festival de cinema aqui em Recife, sobre a empresa que possui um projetor móvel de película e exibe os filmes nos festivais brasileiros. Não lembro agora o nome da empresa, mas ía combinar de entrevistar o pessoal no intervalo e o técnico puxou uma cadeira e disse para conversarmos no meio da exibição do primeiro longa da noite. Fiquei com o coração na mão e perguntei se ele não ía ver o filme. O cara deu uma risada e disse que já tinha visto mils vezes. Fiquei curiosa e sentei: "Como assim?" Pergunta à qual ele respondeu com muita calma e naturalidade mais ou menos assim: só tem a gente com esse projetor no Brasil, a gente acaba indo pra todos os festivais e vendo esses filmes milhões de vezes.

Aí pesquisando encontrei uma empresa super legal! Imagine que você quer montar uma sala de cinema digital e alguém lhe oferece um computador (conectado à empresa distribuidora via satélite), projetor e tela. Faz um investimento inicial e depois paga apenas por sessão exibida! A empresa chama-se RAIN Network e, por incrível que pareça, é brasileira!

Gente, o único entrave para que o cinema não se transforme é o dinheiro que as grandes empresas norte-americanas vão perder com essa conversão. Imagine todas aquelas câmeras da Panavision sendo jogadas no lixo. Imagine que as distribuidoras iriam lucrar BEM menos com o cinema digital. Imagine se elas vão deixar isso acontecer? Imagine se a gente tem poder pra fazer alguma coisa com o pensamento retrógrado da maioria dos cineastas cheios de fetiche burro...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007


Quem você acha que é? Quem a TV pensa que você é? Quem assiste TV sabe quem você realmente é ou acaba pensando de você a mesma coisa que a TV? Todas sabem quem matou a protagonista da novela, mas poucos conhecem a realidade dos subúrbios brasileiros. Conhecem apenas a visão esteriotipada dos morros cariocas. Chegou a hora de mudar isso. Os brasileiros de 14 estados foram às ruas pedir transparência na renovação das concessões públicas de rádio e TV. Ou você não sabiam que esses veículos precisam da SUA permissão para operar? Mas aposto que você sabe quem matou Taís, hein?

terça-feira, 28 de agosto de 2007

“DOBRA NO MAR”

Era preciso ir até lá, até o mar. Revirar todas as consciências pendentes e entregar-se. As malas a pesar, suor a escorrer, sandálias a queimar os pés de quem não sabe onde pode chegar e, por isso, continua a andar, correr. Sem saber (ou perceber) que o destino é você.

Esperar um retoque e cumprimento do vento nos cabelos, da saudade no peito a coroar com um suspiro, essa vinda de longe. Saudação sem nem acreditar. Ali, diante de tudo e de nada, ela desacredita, pára, espera, sem pestanejar, com todo o tempo a seu dispor, com todo sabor de luta e coragem a fugir, sem querer mais destino algum que tivera a planejar.

Descer e esperar, cansar para moldar um estranho sentimento que a faz sofrer. Estou sem rumo? Pergunta-se esquecendo de que toda jornada seria em vão, caso tivesse realmente a escolher um caminho de volta, uma página virada para agendar o amanhã.

Remando um vôo ao encontro de si e dessa solidão que não pretende mais largar. No mar, a dobra lhe orienta o rumo, o remo não segue suas ordens - nem ao implorar-lhe. Desistir é processo fundamental para alcançar. Desistir para libertar-se. Enfim a sós, consigo e com uma história que carrega somente seus dedos, cabelos e sons. Na areia, pisar a terra como um retirante, caminhar até estar só e entregar-se.


“DOBRA NO MAR”

EXT. MARCO ZERO. DIA
MULHER, 20, carrega malas enquanto se dirige ao parapeito. Ela está suada.

EXT. BANCO PARAPEITO. DIA
Mulher fica diante do mar. Deixa as malas caírem. Encara o mar por uns instantes (sem acreditar). Mulher senta-se no banco, de costas para o mar, e acende um cigarro.

EXT. ESCADAS. DIA.
Mulher desde as escadas segurando as duas malas.

EXT. BARCO. DIA
Mulher rema com dificuldade, rindo.

EXT. BARCO. DIA
Remos estão dentro do barco. Mulher arranca folhas de uma agenda, molha-as na água, e põe todas de volta dentro do barco.

EXT. BARCO. DIA
Mulher rema sem dificuldade, séria. Vai até a areia, pára o barco, desce.

EXT. OUTRO LADO DO MARCO ZERO. DIA
Mulher tira as sandálias, deixa as malas e caminha em direção ao nada.

sábado, 25 de agosto de 2007

"NARRADOR"

INT. QUARTO. NOITE
MULHER (21) deitada na cama de solteiro. Mulher em pé, andando pelo quarto. Mulher sentada no chão. Mulher abre o guarda-roupas e o CELULAR TOCA. Ela olha, abre o flip. Narrador chamando. Mulher não atende. Volta para o guarda-roupas.

NARRADOR
Não sabe, Não soube, Não sei


EXT. PISCINA. MANHÃ
Mulher entra na piscina suja e fica boiando. Ela está de óculos.

NARRADOR
e qualquer outra história que
não me faça mais sofrer de vontade


INT. QUARTO. NOITE
Mulher, com outra roupa, acende um cigarro. Caixas estão espalhadas pelo quarto, no lugar da cama, empilhadas próximo à parede, perto da janela, etc. Várias televisões mostram vídeos da Mulher e FAMÍLIA, com AMIGOS, no TRABALHO. Mulher entra no quarto com a roupa de antes e fica se vendo fumando um cigarro no meio das caixas e televisões.

NARRADOR
solte-me das garras da felicidade

Luz apaga-se.


INT. QUARTO 2. MANHÃ
Mulher acorda e se vê, pelo espelho, algemada à cama de solteiro com uma roupa diferente. Ela grita, tentando se soltar.

MULHER
AAAAAAAH

NARRADOR
surpreenda-se por caber nesse
destino, como se tivesse inventado


Mulher pára de se debater e deita-se, ainda algemada.


INT. SALA. NOITE
Mulher está sentada diante de uma mesa posta sem comida numa sala enfeitada com motivos natalinos. Ela finge comer comida nenhuma. SILÊNCIO.

NARRADOR
Você sabe?

Mulher sorri.

domingo, 19 de agosto de 2007

palavrinha espetáculo que transborda na piscina suja
somente as margaridas rosadas - e mais ninguémpor perto
e qualquer outra história que não me faça mais
querer um adeus
sofrer de vontade

o ar é grávido de deuses malucos
o mar é outono de álcool
liberdade é saber que, se existe um instante, esse é seu
egoísmo é querer oferecê-lo a ti
prostar-me diante da regra,
soldando toda e qualquer articulação que tenha
que a faça andar

solte-me das garras da felicidade
melhor é ser triste, drogado, indeciso fechado
cuidado é des-viver, sarar é esquecer
os restos, são manifestos de outra autoridade

sábado, 11 de agosto de 2007

mas era tudo mentira

Não se atreveria a ponto de olhar-me com tamanha ferida exposta. Doía tanto, não sabia se nela ou em mim - talvez fosse o ar quem sofresse. E saí daquela rua sentindo uma mistura embriagante por dentro. Passaria ainda por algumas outras esquinas até esquecer a criança com cujos sentimentos experimentei.

Agora, já era noite há bastante tempo e eu devia estar andando há mais de duas horas. Pés no chão, treze reais mais o orgulho de ter saído de casa no bolso. Eu nem pensava mais na confusão daquelas paredes ou me sentia tão livre e independente quanto algumas horas atrás. Pensava na menina e eu era a menina também. Eu era meu pai e minha mãe, além e ser um pouco de cada irmã.

Elas me diziam às vezes "não é nada, não. não se preocupe" quando eu era mais novo. Acreditava ter obtido tal resposta por causa da minha pouca idade. Idiota achar que o tempo mudaria o teor das frases e conversas. Mais pessoas diziam a mesma coisa e aprendi a falsificar o mesmo quando perguntado. Mentia "tudo bom" quando acenavam oi. Aprendia aos poucos a guardar as emoções tristes e a chorar escondido.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

palavrinha espetáculo que transborda na piscina suja
somente as margaridas rosadas - e mais ninguémpor perto
e qualquer outra história que não me faça mais
querer um adeus
sofrer de vontade

o ar é grávido de deuses malucos
o mar é outono de álcool
liberdade é saber que, se existe um instante, esse é seu
egoísmo é querer oferecê-lo a ti
prostar-me diante da regra,
soldando toda e qualquer articulação que tenha
que a faça andar

solte-me das garras da felicidade
melhor é ser triste, drogado, indeciso fechado
cuidado é des-viver, sarar é esquecer
os restos, são manifestos de outra autoridade

domingo, 17 de junho de 2007

para anteceder

antes, nem uma vontade a me abater
nem um respeito com que me preocupar

Invadira meu corpo
antes que eu mesmo o possuísse
avance, mas aos poucos
eu também quero ser triste e
compartilhar o medo de entregar-se para integrar

é, eu preciso desenhar esses teus olhares
para não esquecer do teu rosto
e colorir aquele verde apagado que encontrei no chão

Não, não precisa arriscar palavras
se já estamos no caminho de casa
(onde eu fico com um beijo e você se vai)
Só me entregue um triz desse céu
e um retalho de verdade nua preu anteceder
todos os pensamentos que teu corpo faz
Ela sorri mediante ordens (assista)
Transparece alegria, né?
Desprecupada, a garotinha não conhece o peso ou a dor
que é ter identidade

O mundo mais diferente que lhe visitou, foi um gato
Nesse dia, os CD's estavam arrumados de um jeito engraçado
E a menina riu novamente

De que hein?!

O parque não é feliz.
As crianças brincam dentro de um espelho, esperando para serem inseridos na sociedade

"Depois do sobe e desce da gangorra, garota,
é preciso enfrentar o vai-e-vem da vida,
dos pneus velozes e, principalmente, dos prédios quadrados"

O próximo amigo dessa menina será o plástico,
que, depois, será trocado peo salto alto.
Só então a garotinha vai perceber significado
de um verdadeiro sorriso falso.

uma solidão orgásmica chove preto
enquanto eu sou o drummond de andrade que esqueço
sei dos fimes que invento, não escrevo
sei do dia, da noite
mas só vivo algumas madrugadas

as outras
(aquelas que te foram dadas)
deixei em tua casa
Se ao menos pudesse voltar ao lugar no qual paramos
Vocês podiam até deixar de acreditar,
mas eu, eu teria de volta certas chuvas
talvez contigo monologasse ou, aos pares, me isolasse
(talvez)

Talvez com minha solidão eu fosse feliz
mas ainda não.
Ela me sorri olhares de vergonha
Escondida no retrato espelhado, está a sua angústia
sua dor de observar o belo debaixo da chuva
Nela, nada mais

Massa de modelar nas mãos da cama que lhe acende
Não tem bola ou boneco
Brinquedo, é o pingo forte a lhe desabrigar
Fuga. Nua e feia.
Conhece as flores e o eco
Mas soa apenas o latidode fúria, impregnado na sua(?) insensatez
são pulsões, menina-eu

domingo, 6 de maio de 2007

domingo, 1 de abril de 2007

vislumbrar o infinito caótico de mim, tonto. olhar é repetir e viver se traduz em paralisia. sou mesmo eu? aquele que esconde, apesar de sentir. não há fardo maior há ser carregado além das linhas de outrora. não há como transgredir as regras do tempo - adequar-se aos inicios e fins.

sem propósitos, descontrole. uma mão desgovernada a me reprimir. minha autodefesa me tinha como alvo, apesar de te atingir. uma tarde, odores e brincadeiras. só você põe cores no passado, unicamente por ter estado lá - percepção e delicadeza - obrigado.

agora o sangue que escorre vem de mim. agora a terra também pesa sobre MEU corpo. ela sabe. eles sabem. e aos poucos pago pelo crime de não conseguir reagir a tudo que me impuseram. resistir é sinônimo de necessidade (sem você).

quero teu ultimo suspiro - aceito. "a partir de agora" mas "já é tarde demais". arrependimentos tardios me trazem a ti. Abel ou Caim?

sábado, 10 de março de 2007

sensivel ao infinito de dolorosos prazeres que é estar aqui enquanto tudo desmorona. sensível às lágrimas que caem de teus olhos e me fazem chorar também, numa incerteza absurda que me choca a entregar um ultimato: "acredita ou não". é preferível calar em meio a tantos demonios de guerra e não meter a colher na briga.

separavalmente pra mim
separável mente? pra mim?
separável? mente pra mim.

me faz deixar de acreditar, porque eu preciso sair da parede e impor as exigencias necessárias para ir além do maleável desejo que tens de separar-se de mim. cruzar a fronteira que separa o meu pedaço do teu território e deixar em branco o espaço que ficava entre o teu olhar e o brilho ds meu olhos. a admiração se foi, junto com o medo - a... era inevitável não sentí-lo em tua presença.

Mas então você se foi e mentiu. errou e desistiu. sua falta foi por omissão. predisposto você ria, dizendo "tolice", pis era fácil ir dormir e acordar no mesmo metro quadrado, preso pelas mesmas paredes. pela janela eu inspirei e expirei thc escondido. nesse mesmo cubículo eu amaldiçoei vocÊ, chamando-o "meu filho"

era uma tentativa de dizer que você era igual a mim? filho de você próprio,deixava de exercer a autoridade requerida para bater e, por isso, levou de volta. um murro, um empurrão, um arranhão, um grito, milhares de palavrões e um ódio que perdurou durante muito tempo no meu.


uma boa idéia

quinta-feira, 8 de março de 2007

INT. CARRO. TARDE
JULIA (6) olha atentamente pela janela. PALHAÇOES estão andando no acostamento do outro lado da rua. SOM DE PNEU ESTURANDO.

PAI
PORRAAA!

MAE
AAAAAAAAAAAAAII

Julia se assuta, mas continua olhando os palhaços.


EXT. RUA. TARDE.
PAI (32) sai do carro e abre a mala.


EXT. ACOSTAMENTO. TARDE

PALHAÇO 1
Quer ajuda amigo?

PALHAÇO 2 (18) acena para Júlia.


INT. CARRO. TARDE.
Júlia sorri e acena de volta. Ela ri bastante. Solta um beijo para o Palhaço 2.

EXT. ACOSTAMENTO. TARDE.
Palhaço 2 faz caretas. Os outros palhaços atravessam a rua. Enquanto atravessa, Palhaço 1 tira da mochila uma arma e aponta para o carro. Palhaço 2 não atravessa a rua. Palhaço 3 aponta arma para MÃE (32). PALHAÇO 4 (22) abre a porta de trás.

INT. CARRO. TARDE
Palhaço 4 senta-se ao lado de Júlia com um arma na mão. Palhaço 3 senta-se do outro lado da garota.

EXT. RUA. TARDE.

PALHAÇO 1
Eu vu guardar a arma
porque meus dois amigos estão
com sua filha
Fique quieto e obedeça.
Eu só quero seu dinheiro

Palhaço 1 e Pai começam a trocar pneu.

PALHAÇO 1
E você, filho da puta,
tem três segundos pra
vir com a gnt

INT. CARRO. TARDE.
Júlia chora, olhando para Palhaços 3 e 4. Olha pela janela. Palhaço 2 corre. Barulhos de tiro. Palhaço 2 cai. Júlia se cala.



EXT. PRAIA. MANHÃ

Juliana corre, molhando os pés na água. Vê uma Mulher lhe observando. Desacelera o passo e se senta. Juliana deita na areia.

JULIANA (sussuro)

Fechar um contrato com o mar.

Fechar um contrato com o mar.

Fechar um contrato com o mar.

JULIANA

FECAR UM CONTRATO COM A PORRA DO MAR, CARALHO

Mulher está em pé, ao seu lado.

MULHER

Também tem papel pra queimar?

Juliana se assusta e se senta. Mulher se senta junto dela.


EXT. PRAIA. MANHÃ

MULHER

Cada um tem uma forma de cultivar o outro.


JULIANA

Mas o problema é que, numa relação, tudo se cria, tudo é imaginado. “Eu te amo!!!” Isso é uma constante, aí acaba se transformando numa re-afirmação sem propósito. Perde o sentido quando repetido.

MULHER

Mas também perde sentido sozinho. AMAR. Só a lingüística para inventar esse infinitivo.

EXT. PRAIA. MANHÃ

JULIANA

Nomear sentimentos?


MULHER

Exatamente. Quando extrapola o que é objetivo, a palavra perde significado pra se esvair no entendimento pessoal de cada um.

EXT. PRAIA. MANHÃ

ALGUÉM (20) passa na bicicleta e vê Juliana falando sozinha.

domingo, 4 de março de 2007

Ismália
Alphonsus de Guimaraens


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

é necessário administrar a visão do nada para aparecer de novo no horizonte de onde vim. não fechar os olhos, nem chorar a dor de relembrar qualquer cicatriz. olhar o nada com a firmeza de quem sabe o tempo das chuvas enquanto todos aproveiam o sol - estar recluso.

naõ compartilho valores ou bolsas e mesmo estilos de vestir-se menos para chocar que querendo significar. emoções, onde estão minhas queridas margaridas amarelas e os desenhos animados sem efeitos especias? você traria-os de volta?

ninguém quer de verdade saber porque. mesmo que procurem, outros vão aprender a por a culpa na tecnologia ou publicidade. mais na frente serão outras fichinhas batidas sobre as quais eu não mais aguentarei falar.

e acender-se-á mais um nada no horizonte sem qeu alguém saiba administrá-los.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007



guarando diz:
nao lembro
guarando diz:
mas acordei com uma coisa estranha sentindo
guarando diz:

vontades presas

a grade me libertara de um querer proibido
e agora é tempo de acordar e encher o tanque
pra rodar todos os quilometros impossiveis
de serem pisados
porque foram feitos para pequenos aviões pousarem,
mas as asas estão atrofiadas
e vou correr e pular
no abismo que finda a rua
para entrar na dimensão em que,libertos,
somos tão juntos que parecemos apenas uma


guarando diz:
apenas quando sua mão reclinar no meu ombro
quando você beijar suavemente
a chave que guardou no peito, escondida
depois de me acordar do pesadelo
meus passos serão tinta fresca
nessa xerox

e eu passo a ser uma maconha que você recusa
porque só quero teu mal
e você continua a vidinha
guarando diz:
foi muito estranho
guarando diz:
ai eu cuspi isso

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

#01

Você acha que é apenas sim ou não, mas eu caminho através incerteza que permanece entre parênteses. Não entende porque, entre tantas significações, todos os bonecos quebrados acabam fazendo parte do que és: um desejo desconhecido de vingança. Você, que binariamente acredita estar de um lado defensor, não enxergou a face de seu rosto que te olha nesse espelho agora. Posso te empurrar já que você não quer admitir a possibilidade de estar próximo do abismo?

Saia de casa. Saia de casa cansado. Saia de casa para não voltar. Saia de casa quando tudo voltar ao normal. Saia de casa depois da briga acabar. Saia de casa enquanto todos estiverem chorando as dores causadas pela palavreação mal dirigida e pessimamente contida. Saia de casa sussurando uma música que ensinaram-lhe quando criança. Saia de casa sem nada além da sua vida, além de mim. Saia de casa tendo. saia de casa sendo, apesar das críticas. saia de casa mesmo tendo consciencia da existência do amor, ainda que distante. Saia de casa cometendo uma injustiça, saiba. Saia de casa sem pedir perdão, sem arrepender-se. Saia impositivamente de casa por sentir necessidade de abandonar tudo construído, ainda que não tenha optado pelo recomeço ou ponto final. E depois quebre este vidro com quem dialogas.

Minha voz aguda penetra teu sangue, oxigena tua mente, enquanto você sorri passivamente para o paradoxo que significo. Olhe nesta tela e enxergue teu reflexo criado nessa seqüência imagen: todas elas passaram a ser a teu respeito. Cuidado! Ninguém vai parar para assitir ao enterro da última pessoa mais parecida com qualquer humano que você chegou a ser. Permaneça no lixeiro para experimentar o gosto amargo da saliva ao amanhecer, já que é preciso de verdades. Desconstruindo sintaxes você vai perceber que o mais importante não está no texto, mas nas entrelinhas. Projete o inexistente antes de olhar realidades e fatos. Por favor descontrua.
sentar, esperando um aviso dos céus.
eu quero olhar o futuro, sem o peso do passado em minhas costas
e conversar sem te defender
talvez livrar-me, nem sei

o que eu sei é o que eu sinto
e é uma apertidão que me incomoda
um perto que, de inconsciente, suspeito e vira aperto por causa desse peito triste,
por sorte, solitário;
por pouco, amável
mas muito em crise
daquelas que persistem em continuar
dentro do armário
trancadas em lugares secretos

não te conto os segredos do dia
da última semana, nem os que me importam mais
ficaria ainda sozinha
mesmo que permanceça esse som mudo de uma presença ignorada
são, na verdade, batidas na porta.
atrasadas?
um ano, talvez mais
pesadas
75 quilos e meio de fardo
todos jogados no lixo
e você quer remexer, meter, abusar-me

meus divãs viajaram
meu cigarro me traga
sou pedaços de desejo
tão finos, estragam
virei minha fonte de juventude
sou um caco de vidro destruído
pote de mel da abelha que picou seu rosto em traição, bem nos olhos
vermelhos
quase fechados
vislumbrando lentamente
seu mundinho cor-de-rosa

senti uma energia a menos
ao entrar por aquela porta.
um guarda-roupa vazio acusa uma ausência
partida
entre lágrimas quentes,
entre soluços contidos,
em meio a incertezas,
a despedida.

um apartamento frio te abrigará durante
o tempo.
um novo até logo,
resignificar os abraços,
abraçar enfim.
olhar nos olhos dizendo até logo
sem saber o quanto demorará

mensurar a falta
medir a ausência
calcular a dor
temer a distância
ser fragmento
despedaçado

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

tão impermeável quanto quaisquer destes livros que poêm na minha cama. imprestáveis ousados demais para o vosso gosto, não? é, talvez! mas vc leu as frases escritas no rodapé de algumas páginas. e daí se eu gosto dela e daí se minha piscina está cheia de lodo e daí se parei de pagar as contas desde o mês passado

eu queria outras coisas agora, sabia? na verdade eu precisaria de intuiçoes futurísticas, de inventos rápidos. é preciso saciar o desejo. e possível, entretando? são tantas subtrações e dúvidas. para cada afirmação um descontexto me esconde e ponho mais um interrogação disfarçando-a de frase bem intecionada e imparcial com ambos os lados da historia. não é mania de jornal, é só mais uma disputa sendo travada pra ser o tal.

com a tal solidão me cuido, divertindo-a para esquecer de quem sou - aquela garota feliz que me sorri com os olhos todo amanhacer falando um bom dia gripado.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

recuperar um tempo que ficou perdido
vasculhar a bolha em que me prendi e procurar por alguém parecido comigo. um alguém não tão algemado a si.

perder o sentido do infinito
ferir a cicatriz do punho mais uma vez
para testar essa estrada e seus atalhos a fim de escrever mais duas palavras que ninguém além de mim vai ler

saber o discurso e mentir pra platéia
apedrejar o veado e beber com a mulher da esquina

Nào
eu quero um olhar de carinho o humor que me leve a qualquer outro lugar em que eu não me adpte facilmente
só que é necessário desistir