sábado, 10 de março de 2007

sensivel ao infinito de dolorosos prazeres que é estar aqui enquanto tudo desmorona. sensível às lágrimas que caem de teus olhos e me fazem chorar também, numa incerteza absurda que me choca a entregar um ultimato: "acredita ou não". é preferível calar em meio a tantos demonios de guerra e não meter a colher na briga.

separavalmente pra mim
separável mente? pra mim?
separável? mente pra mim.

me faz deixar de acreditar, porque eu preciso sair da parede e impor as exigencias necessárias para ir além do maleável desejo que tens de separar-se de mim. cruzar a fronteira que separa o meu pedaço do teu território e deixar em branco o espaço que ficava entre o teu olhar e o brilho ds meu olhos. a admiração se foi, junto com o medo - a... era inevitável não sentí-lo em tua presença.

Mas então você se foi e mentiu. errou e desistiu. sua falta foi por omissão. predisposto você ria, dizendo "tolice", pis era fácil ir dormir e acordar no mesmo metro quadrado, preso pelas mesmas paredes. pela janela eu inspirei e expirei thc escondido. nesse mesmo cubículo eu amaldiçoei vocÊ, chamando-o "meu filho"

era uma tentativa de dizer que você era igual a mim? filho de você próprio,deixava de exercer a autoridade requerida para bater e, por isso, levou de volta. um murro, um empurrão, um arranhão, um grito, milhares de palavrões e um ódio que perdurou durante muito tempo no meu.


uma boa idéia

quinta-feira, 8 de março de 2007

INT. CARRO. TARDE
JULIA (6) olha atentamente pela janela. PALHAÇOES estão andando no acostamento do outro lado da rua. SOM DE PNEU ESTURANDO.

PAI
PORRAAA!

MAE
AAAAAAAAAAAAAII

Julia se assuta, mas continua olhando os palhaços.


EXT. RUA. TARDE.
PAI (32) sai do carro e abre a mala.


EXT. ACOSTAMENTO. TARDE

PALHAÇO 1
Quer ajuda amigo?

PALHAÇO 2 (18) acena para Júlia.


INT. CARRO. TARDE.
Júlia sorri e acena de volta. Ela ri bastante. Solta um beijo para o Palhaço 2.

EXT. ACOSTAMENTO. TARDE.
Palhaço 2 faz caretas. Os outros palhaços atravessam a rua. Enquanto atravessa, Palhaço 1 tira da mochila uma arma e aponta para o carro. Palhaço 2 não atravessa a rua. Palhaço 3 aponta arma para MÃE (32). PALHAÇO 4 (22) abre a porta de trás.

INT. CARRO. TARDE
Palhaço 4 senta-se ao lado de Júlia com um arma na mão. Palhaço 3 senta-se do outro lado da garota.

EXT. RUA. TARDE.

PALHAÇO 1
Eu vu guardar a arma
porque meus dois amigos estão
com sua filha
Fique quieto e obedeça.
Eu só quero seu dinheiro

Palhaço 1 e Pai começam a trocar pneu.

PALHAÇO 1
E você, filho da puta,
tem três segundos pra
vir com a gnt

INT. CARRO. TARDE.
Júlia chora, olhando para Palhaços 3 e 4. Olha pela janela. Palhaço 2 corre. Barulhos de tiro. Palhaço 2 cai. Júlia se cala.



EXT. PRAIA. MANHÃ

Juliana corre, molhando os pés na água. Vê uma Mulher lhe observando. Desacelera o passo e se senta. Juliana deita na areia.

JULIANA (sussuro)

Fechar um contrato com o mar.

Fechar um contrato com o mar.

Fechar um contrato com o mar.

JULIANA

FECAR UM CONTRATO COM A PORRA DO MAR, CARALHO

Mulher está em pé, ao seu lado.

MULHER

Também tem papel pra queimar?

Juliana se assusta e se senta. Mulher se senta junto dela.


EXT. PRAIA. MANHÃ

MULHER

Cada um tem uma forma de cultivar o outro.


JULIANA

Mas o problema é que, numa relação, tudo se cria, tudo é imaginado. “Eu te amo!!!” Isso é uma constante, aí acaba se transformando numa re-afirmação sem propósito. Perde o sentido quando repetido.

MULHER

Mas também perde sentido sozinho. AMAR. Só a lingüística para inventar esse infinitivo.

EXT. PRAIA. MANHÃ

JULIANA

Nomear sentimentos?


MULHER

Exatamente. Quando extrapola o que é objetivo, a palavra perde significado pra se esvair no entendimento pessoal de cada um.

EXT. PRAIA. MANHÃ

ALGUÉM (20) passa na bicicleta e vê Juliana falando sozinha.

domingo, 4 de março de 2007

Ismália
Alphonsus de Guimaraens


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...