sábado, 11 de agosto de 2007

mas era tudo mentira

Não se atreveria a ponto de olhar-me com tamanha ferida exposta. Doía tanto, não sabia se nela ou em mim - talvez fosse o ar quem sofresse. E saí daquela rua sentindo uma mistura embriagante por dentro. Passaria ainda por algumas outras esquinas até esquecer a criança com cujos sentimentos experimentei.

Agora, já era noite há bastante tempo e eu devia estar andando há mais de duas horas. Pés no chão, treze reais mais o orgulho de ter saído de casa no bolso. Eu nem pensava mais na confusão daquelas paredes ou me sentia tão livre e independente quanto algumas horas atrás. Pensava na menina e eu era a menina também. Eu era meu pai e minha mãe, além e ser um pouco de cada irmã.

Elas me diziam às vezes "não é nada, não. não se preocupe" quando eu era mais novo. Acreditava ter obtido tal resposta por causa da minha pouca idade. Idiota achar que o tempo mudaria o teor das frases e conversas. Mais pessoas diziam a mesma coisa e aprendi a falsificar o mesmo quando perguntado. Mentia "tudo bom" quando acenavam oi. Aprendia aos poucos a guardar as emoções tristes e a chorar escondido.

Um comentário:

Nata disse...

O espelho dos outros é de grau. O nosso, nos reflete de dentro e de fora. Continua assim, se vendo pelos seus olhos, tá? Beijoosss. nata