terça-feira, 9 de outubro de 2007

Opa, é preciso esclarecer

"Deborah, você exagerou... A profundidade de campo da película ainda é muito superior à do vídeo digital. E, Yuri, acho bem difícil acreditar que em dez anos ou em qualquer tempo um computador será capaz de processar todas as informações da película, uma vez que a película trabalha com um espectro infinito de cores e de pontos. O caso, na minha opinião, é que o vídeo tem se tornado tão bom (a Red One, por exemplo) que torna difícil PERCEBER essa diferença. Eu, em todo caso, só tenho grana pro vídeo, portanto dou os dois tapinhas nas costas na turma da película!"


Esse foi o comentário de Victor, mas não sei se a respota a seguir entrou no site:


Bem, não exagerei não! Vcs provavelmente não entraram no site RED.COM

A RED trabalha com uma configuração duas vezes melhor que a pelîcula, a começar pela quantidade de informação que ela grava. A película tem uma resolução que convenientemente chamamos de 2K. Isso significa que a película grava em 2024x1080 linhas numa janela nativa 16:9. Diz-se que o olho humano nem consegue enxergar toda essa resolução, pois, ao passar de duas mil linhas, não é possível perceber. Essa qualidade é boa, porque, para quem fotografa, quanto maior a resolução, melhor a latitude de gravação. Essa qualidade da película, era, até o começo do ano, insuperável, e em vista disso, ainda se valia a pena filmar em película. Entretanto, hoje em dia, com o lançamento das câmeras da empresa RED (www.red.com), o formato de gravação e as convenções cinematográficas terão de mudar. A RED filma com 4K. São 4520 X 2540 pixels de resolução! Isso aumenta e melhora a latitude, tornando o vídeo superior à película. Uma das coisas que também se falava muito em relação à película era a velocidade de gravação.

Além disso, enquanto a película fazia 24 fotogramas por segundo, as câmeras digitais semi-profissionais (e até mesmo alguns modelos digitais) gravavam de modo entrelaçado, ou seja, toda a resolução que tinham era de, no máximo, 1080 linhas entrelaçadas em 29,97 frames por segundo (não eram fotogramas). Chama-se 1080i, os formatos de gravação das conhecidas HDV. Hoje esse modo de gravação já estava superado pela Panasonic, que lançou uma camera HDV que gravava em 24 progressivo (e não entrelaçado, como nas outras digitais). Com a RED também não é diferente, podendo filmar em 24, 30, 60 e outros.

A empresa define a camera como Ultra High Definition. Onde editar? No Final Cut Pro 2, que já oferece suporte para edição em 4K. Claro que isso tudo vai aumentar um pouco o orçamento de qualquer produção digital, mas ainda assim, nunca chegará aos pés do preço da película. Incentivo ainda todos a entraram no site da RED ONE (www.red.com) e darem uma olhada no preço das cameras. Não chega a 18mil dólares.

Barato? Pois é... E ainda tem quem diga que vídeo não é cinema. Ou seria o contrário? Uma vez fiz uma matéria, no Cine-Pe, festival de cinema aqui em Recife, sobre a empresa que possui um projetor móvel de película e exibe os filmes nos festivais brasileiros. Não lembro agora o nome da empresa, mas ía combinar de entrevistar o pessoal no intervalo e o técnico puxou uma cadeira e disse para conversarmos no meio da exibição do primeiro longa da noite. Fiquei com o coração na mão e perguntei se ele não ía ver o filme. O cara deu uma risada e disse que já tinha visto mils vezes. Fiquei curiosa e sentei: "Como assim?" Pergunta à qual ele respondeu com muita calma e naturalidade mais ou menos assim: só tem a gente com esse projetor no Brasil, a gente acaba indo pra todos os festivais e vendo esses filmes milhões de vezes.

Aí pesquisando encontrei uma empresa super legal! Imagine que você quer montar uma sala de cinema digital e alguém lhe oferece um computador (conectado à empresa distribuidora via satélite), projetor e tela. Faz um investimento inicial e depois paga apenas por sessão exibida! A empresa chama-se RAIN Network e, por incrível que pareça, é brasileira!

Gente, o único entrave para que o cinema não se transforme é o dinheiro que as grandes empresas norte-americanas vão perder com essa conversão. Imagine todas aquelas câmeras da Panavision sendo jogadas no lixo. Imagine que as distribuidoras iriam lucrar BEM menos com o cinema digital. Imagine se elas vão deixar isso acontecer? Imagine se a gente tem poder pra fazer alguma coisa com o pensamento retrógrado da maioria dos cineastas cheios de fetiche burro...

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