domingo, 14 de outubro de 2007







"DESFANTASIA"

Déborah Guaraná
(2003)










Uma música triste de fundo consagra o fim de uma era. Quem engravidará do futuro? Como podem algumas horas definirem um ano... uma vida, talvez? Os minutos já passaram apressados como efeito dos entorpecentes - eles seguram-me de pé. A bagunça também já é normal: no quarto, lá fora e aqui. Ela já se instalou apoderando-se dos cômodos.


Confesso que é difícil andar sem pisar em mim. Humanamente impossível seguir trazendo comigo toda essa mala de lembranças. Meu mundo ruma para um segundo conflito generalizado, mal tendo se recuperado do primeiro. Onde está a paz pela qual tanto derramei este sangue? Duas opções restam: livrar-se de mim reinventando tudo num mundo distante, ou prosseguir com o peso do ontem. Como libertar-se da concepção de futuro tão incômoda-mente incorporada àvisaão de um presente palpável, pálido... pago. Como?!


Insisto no nada. Caio, porque os efeitos vão embora - só estavam no agora. Continuo sendo (de volta) essa criatura inconsciente da verdade. Vida é ordem agora. Vida apenas. Sem mistificações.
(2003)

Um comentário:

Nata disse...

Pois é, Guarita, naquela momento ela estava bêbada de realidade... esqueceu e cambaleou.

É incrível como a vida sem mistificações nos é tão distante... tão mais cômodo viver no místico ou no mítico... Beijos, moça linda!